sábado, 5 de dezembro de 2009


Não. Eu não quero partir, bonito.
Mas as coisas estão ficando cada vez mais intensas dentro de mim. E teu ar que não me é recíproco sufoca-me de tal maneira, como se eu estivesse dentro de um lago, ou então dentro do mar submersa, tentando alcança a praia e ondas me viessem afogar. Você me dói de uma maneira inexplicável. Como uma ferida aberta que insiste em não cicatrizar.

Quando eu era criança cai algumas vezes de bicicleta, mas meu pai dizia que eu ia aprender a andar. Então, me era aceitável todas as feridas causadas aos meus joelhos pelos cascalhos e até mesmo de cacos de vidros. Hoje, meu pai não diz: menina, a ferida vai cicatrizar esperas e verás. Não ele não diz. Talvez porque também já tenha sofrido.
Sabe eu comparo ao meu coração como uma bola. Sim, uma bola. Quando criança ainda, costumava jogar futebol com os amigos, bem menino eu era. E então, jogávamos com uma bola de leite, essas bolas furavam rápido e colávamos de alguma forma. Seu aspecto era terrível, sempre remendada. Mas ainda assim funcionava. Meu coração está tão grande dentro do peito, por ter tantos retalhos tentando salvá-lo.
Eu sinto tanto. Tanto.
Sinto que me perdi nisso tudo. Que não devia ter dado asas ao meu pobre coração. Coração alado e idiota. Masoquista.

É, eu vou embora.
Só preciso de força. Amanhã. Talvez.



Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue. Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo. Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado. Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.Desejo é uma boca com sede. Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.


[Mania de Explicação - Adriana Falcão]

"Só vou perguntar porque você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo."




[Caio Fernando de Abreu]


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009



Você me perde todo dia e nem toma conhecimento
que é quando vai embora
quando diz que já é hora de seguir o pó no vento
perda que não recupera
quando fica na espera feito estátua de cimento,
Me perde e não percebe
que é quando calo minha voz
enquanto desato os nós que uniam nossas peles
quando eu troco seus carinhos por espelhos e espinhos
e me perde um pouco mais, toda vez que chega
e pede pra eu deixar isso pra lá
pra eu deitar em outro lugar
pra eu achar outro caminho




Você me perde, e até acho que prefere desse jeito
que esfrie no meu peito
o fogo que aqui havia
[e aos poucos, acredite, esse amor aqui esfria]
me perde por compaixão, por besteira, por razão
me perde por vaidade, por vil infantilidade
me perde por não ligar
me perde no dia-a-dia
mas acho que é o que queria: plantar insensibilidade
me perde quando diz meu nome como fosse só um nome...
você me perde, mas nem sabe
que a covardia é um dom




- Invejo sua liberdade!




lá do Essência Dispersa